2018 foi um ano bem melhor que o anterior em todos os aspectos literários pra mim. Não só pude ler mais livros, como consegui variar um pouco mais os gêneros das obras lidas, com destaque para a Ficção-Científica, com a qual estou cada vez mais deslumbrado. Se do ponto de vista econômico esse ano foi ruim para o mercado editorial, com o fechamento de grandes livrarias (uma singela lembrança para a Livraria Cultura do Passo Alfândega aqui em Recife, que encerrou suas atividades em julho), pelo menos da minha parte procurei ajudar ao máximo as editoras comprando lançamentos desse ano (vinte e oito). E com dezembro já passando de sua primeira metade está na hora de comentar um pouco sobre quais destas obras que saíram recentemente em terras tupiniquins mais curti.
5 – O Senhor do Caos, do Robert Jordan
Só tenho avaliações positivas para todos os seis livros de A Roda do Tempo publicados no Brasil, mas esse último volume lançado pela editora Intrínseca em Abril conseguiu ser melhor que os anteriores (3º a 5º livros) para mim, equiparando-se as duas primeiras partes (O Olho do Mundo e A Grande Caçada) dessa história épica. O Senhor do Caos foi sem sombra de dúvidas meu lançamento de Fantasia desse ano preferido, e em relação a história acho que Robert Jordan traz aqui o que tem de melhor do seu universo. Abandonados, muita política, maquinações, expansão do sistema de magia, e claro, aquele finalzinho epopeico e explosivo de sempre, né…
4 – As Sereias de Titã, do Kurt Vonnegut
As Sereias de Titã é uma ficção-científica diferente, que não se preocupa em
descrever minuciosamente muitos de seus principais elementos. Mas isso em hipótese alguma faz a obra perder pontos. Pelo contrário, o certo grau de abstração da narrativa realça uma das principais qualidades de seu autor: a forma sarcástica e o humor ácido que fizeram de Kurt Vonnegut uma joia desse gênero literário. De forma crítica, mas ainda “divertida”, o escritor adentra em questões filosóficas e em áreas que sempre estiveram entre as mais importantes da humanidade: religião, guerra, liberdade, amor, o sentido da vida. Ao melhor estilo Machadiniano das Memórias Póstumas de Brás Cubas, repleto de ironias, Vonnegut tece uma narrativa que com o avançar das páginas torna-se cada vez mais tragicômica.
3 – Lovestar, do Andri Snær Magnason
Distopia de mais alta qualidade do autor islandês. Padronização de indivíduos, banalização da vida, consumismo e publicidade exagerados, e a eterna busca pelo poder absoluto, além de outros absurdos que obras deste gênero sempre trazem. Candidato a presidente em seu país uma vez, Andri parece ser um cara que entende muito bem o mundo atual caótico que vivemos, e que parecemos aceitar suas loucuras como se fossem maravilhas contemporâneas. Publica mais livro desse cara, Morro Branco!
2 – Flores para Algernon, do Daniel Keyes
A Aleph caprichou nos lançamentos esse ano, quase todos que li com saldo positivo de minha parte, e Flores para Algernon foi o que alcançou maior pontuação. Clássico indiscutível de Ficção Científica, esse livro me cativou desde o início com os primeiros capítulos cheios de erros de gramática escritos pelo protagonista, que sofre de deficiência intelectual, tornando sua leitura diferente. Se nas primeiras páginas o tom pode parecer um pouco bobo pelas limitações do personagem, com sua evolução após a cirurgia que lhe dá mais inteligência a obra adquiri tons maduros com discussões profundas sobre a natureza humana. Livro espetacular, resenha completa aqui.
1 – A Parábola do Semeador, da Octavia E.Butler
Li no início desse ano Kindred da autora, e adorei. Mas ela conseguiu entregar um material de ainda mais excelência na minha concepção com A Parábola do Semeador, primeiro volume de uma duologia que trata de dois assuntos: uma crise ambiental e o surgimento de uma nova religião. As ficções-científicas da Octavia até agora tem sido mais obras que utilizam uma hora ou outra elementos desse gênero literário do que livros que se aprofundam muito nesses componentes de sci-fi. Viagens no tempo, exploração do universo, ambiente distópico? Sim, isso existe em seus romances, mas esses são apenas elementos necessários para suas histórias acontecerem, não A história em si. Mas isso em hipótese alguma é ruim, e ela provou isso nesse livro, ainda com mais sucesso que em sua outra obra. Masterpiece! O melhor lançamento desse ano que li.
Foi difícil fazer esse top 5 e ter que deixar de fora outros ótimos lançamentos como Sonhos Elétricos, do Philip K.Dick, ou Os Portais da Casa dos Mortos, do Steven Erikson, mas fica as menções honrosas a essas duas obras. E você, conseguiu ler muitos lançamentos de 2018? O que achou deles? Leu os dessa lista, concorda com as posições que coloquei, teria trocado alguma? Foi um ano com menos lançamentos devido o momento difícil de nosso país, mas ainda assim saiu coisa boa, e ainda bem né…
Leitores Vigaristas 